Ainda me lembro quando não gostava nada de ti, não te suportava porque eras chata. Ao longo dos anos via-te a ser meiga para a minha irmã, e para mim, eras má e cruel! Olhavas-me nos olhos como se me quisesses morder. Dormias debaixo dos lençóis da Joana e eu perguntava-me: Como és capaz?
Simplesmente não nos dávamos muito bem.
Chegou o dia em que a Bolinha veio para casa e dava-se bem comigo, aí não queria mesmo saber de ti… entretia-me com ela e mal te ligava quando andava dum lado para o outro enquanto tu fazias o mesmo. Talvez esteja a falar exageradamente, mas era quase como se fosse isso! Mas pronto, eu e os felinos nunca nos demos bem!
Ao passar do tempo já vinhas dormir para o meu quarto quando a mana foi p’ra Castelo Branco… Sentias falta do quentinho não era? Eu lá não me importava, porque nem sequer te ligava. Sempre que a ‘tua dona’ chegava de Castelo Branco, entrava em casa a gritar por ti… impressionante o amor dela por ti! Tens sorte na dona que tens, a sério!
Apesar de que aqui o dono já gostar um pouquinho mais de ti. Agora já dormias todas as noites no meu quarto… ou melhor, na minha cama. As vezes ficava incomodado porque ocupavas espaço e não me mexia, e atirava-te para o chão! Mas tu voltavas, e eu nem insistia mais. As vezes dava por mim à frente do Pc e a dar-te festinhas… Talvez já estejamos mais amigos.
Chegava da escola, ia ao quarto e lá estavas tua aproveitar o quentinho da minha cama! Lá ia eu tirar-te... e tu ias para cima do computador, porque estava quente… ou ias para baixo do candeeiro porque também estava quentinho. Enfim, eras uma granda chata para mim. Mas enfim, acho que nos tornamos mais amigos… pena que a nossa amizade fique por aqui. Apesar de só nos termos dado bem nestes últimos tempos, quero que saibas que sempre gostarei de ti… Tal como a mana, a mãe e o pai. Todos nós gostamos de ti. Tiveste o azar de a doença te apanhar, estás a ter o azar de um tumor te dar dor. Não foste tu nem ninguém que pediu isso… apenas acontece. Estavas quase a completar os teus 12 anos… viveste tempo suficiente. Quem me dera a mim e à família que os gatos tivessem mesmo 7 vidas, ou 9 vidas! Quantas gerações mais viverias? Impressionante serias… mas afinal de contas, creio que todos nós apenas temos 1 vida.
Por muito chatinha que tenhas sido, nunca olharei para um gato como olhei para ti!
Foste uma prenda de Natal e sempre serás um membro da família nas nossas memórias.
Gostamos todos muito de ti!
Um beijinho para ti Xana.